Rosh Hashaná 5783 | 2022 – Rabina Tamara Schagas

25 a 27 de setembro de 2022

01 e 02 Tishrei 5783

 

ROSH HASHANÁ – Rabina Tamara Schagas

A tradição do nosso povo é sábia e generosa. A cada dia, pela manhã, bendizemos em nossas rezas “Aquele que com Sua bondade renova a cada dia e sempre a obra da criação”. Ao terminar cada semana, recordamos o pacto com D-us no Kidush, a santificação do tempo “zicaron l’maase Bereshit” em memória do ato da criação. Cada uma de nossas festas marca ciclos e nos chama à reflexão sobre diferentes valores em nossa vida. A cada ano nos preparamos em nosso processo de Cheshbon Nefesh para deixar o ano que termina ir embora. Dessa maneira, começamos o novo ano com esperança, fé e compromisso renovados.

Sábia e generosa, nossa tradição nos ensina que a criação ainda não está terminada e que nós, como parte dela, também estamos em processo de crescimento e mudança. Ela nos desafia a viver cada dia como único e irrepetível, como uma oportunidade de nos transformarmos. Somos sócios de D-us na criação e no aperfeiçoamento deste mundo e de nós mesmos.

Rosh Hashaná significa “cabeça do año”. O dia também é chamado de Yom harat Olam, “dia da criação do mundo”e Iom HaDin, “dia do juizo”. Na liturgia, o “dia do juízo” tem grande centralidade. Nós nos apresentamos, todos e todas, como povo, como comunidade e como indivíduos, ante D-us, para avaliar e sermos julgados pelo ano que passou. Dessa maneira, estamos realmente preparados para receber o ano que começa é nosso compromisso olhar para trás, aprender, reconhecer, valorizar, agradecer e também nos comprometemos a fazer mudanças conscientes. 

Shaná, “ano” em hebraico, compartilha a mesma raiz que a palavra shinui, “mudança”. No mundo, tudo muda constantemente, e a nós, seres humanos, a mudança se apresenta como um desafio. Nos sentimos cômodos em meio ao que é conhecido. O desconhecido nos encabula e é difícil encontrar a coragem de sonhar e de nos esforçarmos para fazer mudanças profundas.

Na Torá, o nome desta festa é Iom Truá, o dia do som do Shofar, esse despertar de que todos necessitamos e que nos indica o começo da preparação para Yom Kipur. A mitzvá de Rosh Hashaná é a escuta das vozes do shofar, e nosso desafio é distinguir entre os diferentes chamados que surgem dele e como eles reverberam dentro de nós. Eles podem evocar pranto, pena, dor por nossas faltas e transgressões, e também os pedidos daqueles que nos rodeiam. Todos transgredimos, todos erramos e, juntos, reconhecemo-nos imperfeitos. Essa é nossa oportunidade de reparar. 

O característico desta época do ano é estarmos juntos e tentarmos vibrar na energia da mudança. D-us é nosso Juiz, mas para as faltas cometidas entre o ser humano e seu próximo somos todos transgressores e juízes.

Que sejamos capazes nestes dias de escutar todas as vozes com empatia, com compaixão e misericórdia, como pedimos ser escutados por D-us. Que sejamos dignos do perdão e generosos ao perdoar, que vejamos em cada dia deste novo ano uma oportunidade de crescimento.

Shaná tová umetuká

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