Para divulgação imediata – 19 de abril de 2025
Declaração da liderança da UJR-AmLat
Como judeus reformistas e líderes do movimento Reformista na América Latina, recebemos este texto com profunda dor — mas também com a força de quem carrega séculos de história, tradição e compromisso com o povo judeu. O artigo de Joshua Hoffman não é uma crítica construtiva: é um ataque violento, polarizador, desonesto e reducionista ao maior movimento religioso judaico do mundo, que há mais de dois séculos busca exatamente o que ele nos acusa de ter abandonado — o equilíbrio entre continuidade e renovação.
O Judaísmo Reformista não traiu o povo judeu. Somos parte vital desse povo. Estamos presentes nas sinagogas, nas ruas de Tel Aviv e Sderot, nos kibutzim atacados em 7 de outubro, nos comitês de defesa de Israel, nas casas daqueles que orgulhosamente penduram uma mezuzá em suas portas — de Buenos Aires a Xangai, de Melbourne a Los Angeles, de Haifa a Eilat. Estamos educando, combatendo o antissemitismo, construindo pontes — e também, sem hesitação, defendendo o direito de Israel existir em paz e segurança. O Judaísmo Reformista não é algo isolado ou alheio ao mundo judaico — estamos no meio de Pessach e prestes a receber o Shabat. Milhares de sinagogas e lares reformistas se reúnem em celebração e prática religiosa, em costumes e tradições que têm muito mais em comum do que divergem de outras correntes judaicas.
Nosso compromisso com os direitos humanos, justiça social e diálogo não é fraqueza — ao contrário, é parte do que possibilitou o engajamento político e social na sociedade civil. Faz parte do ethos profético do povo judeu — aquele que proclama “Justiça, justiça perseguirás” (Deuteronômio 16:20), e que sempre foi capaz de perguntar não apenas “O que estão fazendo conosco?”, mas também “O que estamos fazendo pelo mundo?”. Nosso universalismo nunca foi em detrimento do particularismo judaico — pelo contrário, nasce dele.
Ao contrário do que sugere o artigo, o Judaísmo Reformista não relativizou o horror de 7 de outubro. Choramos, gritamos, rezamos e agimos. Nossas comunidades ao redor do mundo mobilizaram doações, missões de apoio, campanhas de advocacy e pressão política contra o aumento do antissemitismo. Muitos de nossos rabinos, jovens e lideranças estiveram em Israel nos dias seguintes aos ataques — não em busca de curtidas nas redes sociais, mas por solidariedade concreta.
O pensamento crítico, herança talmúdica, é o que nos move a debater e discordar, inclusive sobre como o atual governo de Israel — e seus apoiadores — atuam em certas áreas. Isso é sinal de vitalidade democrática — não de traição. O que este artigo chama de “progressismo com legendas em hebraico” é, na verdade, o esforço contínuo de integrar os valores judaicos com os desafios do nosso tempo — como nossos sábios sempre fizeram.
O Judaísmo Reformista não se envergonha de defender minorias, promover justiça social ou buscar a paz — todos valores centrais do judaísmo. Estamos atualmente celebrando uma festividade que nos convida a refletir sobre a importância de acolher o estrangeiro, sobre a liberdade e a busca por uma terra onde o povo de Israel possa viver plenamente. E também afirmamos, de forma inequívoca: somos um com o povo judeu, em Israel e na Diáspora. Defenderemos nossos irmãos e irmãs, nossos valores e nossa dignidade, sem pedir desculpas por sermos quem somos.
A história não nos julgará por termos sido os “bons judeus” aos olhos de um segmento do nosso povo que não tolera pensamento dissidente ou que se recusa a aceitar qualquer apoio a Israel que não seja cego e acrítico — mas, sim, por termos permanecido fiéis à nossa aliança com nosso povo e à herança milenar que carregamos.
Estamos aqui. E permaneceremos. Por Israel. Pelo povo judeu. Pelo futuro.
Flavio Levi Moreira, Miriam Vasserman, Adrian Sucari e David Britva Beraha
Presidente, Vice-Presidentes e Diretor Executivo
União do Judaísmo Reformista na América Latina
# # #
Leia o comunicado em inglês aqui, e em espanhol aqui. O arquivo PDF com o comunicado nas três línguas está disponível aqui.
Read the statement in English here, and in Spanish here. The PDF file with the statement in all three languages is available here.
Lee el comunicado en inglés aquí, y en español aquí. El archivo PDF con el comunicado en las tres lenguas está disponible aquí.