“Enxergar ao próximo como o teu irmão”
Rabino Guershon Kwasniewski
O Rabino Marcelo Polakoff nos ensinou que a palavra Acher – próximo- em hebraico, tem a mesma raíz que a palavra Ach – irmão-. Poder enxergar no próximo um irmão, disso se tratou o primeiro encontro presencial de líderes judeus e muçulmanos da América Latina, acontecido nos dias 10 e 11 de julho, em Buenos Aires, Argentina.
Aprendemos das nossas tradições religiosas, debatemos como enxergamos uns aos outros.
Compartilhamos experiências de intercâmbio de boas práticas. Falamos sobre preconceitos e estereótipos e por último projetamos os desafios que temos pela frente. O encontro foi organizado e promovido pelo World Jewish Congress, Muslim World League e o Congresso Judaico Latino Americano.
Chegamos todos de coração aberto e nos reunimos em torno de uma mesa para almoçar, sem introduções prévias, compartilhando pratos fomos abraçados por um diálogo sem maquiagem, que nos permitiu quebrar de cara o gelo deste tipo de eventos. O ambiente foi distendido, as dinâmicas interessantes, fomos nos apresentando, partilhando as experiências e aprendendo dos relatos dos outros. América Latina é um campo fértil e de boas práticas entre muçulmanos e judeus. Não faltaram as histórias e as lembranças de bom relacionamento e entendimento entre os imigrantes que chegaram a estas terras de ambas comunidades. Essa prática continua até hoje, sequer os atentados terroristas contra objetivos israelenses e judaicos na Argentina criaram uma ruptura nessa convivencia pacifica.
Hoje existe uma nova geração de líderes em ambas comunidades, são muito poucos os imigrantes que ainda estão na ativa como líderes, mas o que vale é dar continuidade a este diálogo fraterno. Somos monoteístas, temos semelhanças na alimentação, toda comida Kasher é Halal, as mulheres também ocupam lugares na liderança, existem textos sagrados que bem utilizados só desejam o respeito pelo próximo, mesmo que não seja da mesma religião. A educação ocupa um lugar central, temos práticas de luto semelhantes, consideramos fundamental o bom relacionamento com os cristãos, Jerusalém é o verso do monoteísmo, entendemos que o diálogo deve estar por acima das diferenças. Reconhecemos que somos distintos mas é na diversidade que encontramos a riqueza.
Juntos devemos combater a islamofobia, a judeofobia e qualquer outra forma de discriminação ou ataque a qualquer religião.
O encontro, que já aconteceu em forma virtual durante a pandemia, foi o primeiro presencial e todos os presentes desejamos que seja o primeiro de muitos.
Nos despedimos com os desejos de Salam-Shalom e partimos aos nossos destinos com o compromisso de estimular as nossas comunidades a se envolver neste diálogo.
Guershon Kwasniewski
Rabino da SIBRA -Sociedade Israelita Brasileira- e um dos representantes da CONIB -Confederação Israelita do Brasil- no diálogo inter-religioso, Representante da América Latina no Board da WUPJ.
