Iom HaZicarón
Dia em Memória dos Soldados da IDF e dos mortos em ataques terroristas
Iom HaZicarón é um dia nacional (israelense) de luto em memória daqueles e daquelas que deram suas vidas em defesa do Estado de Israel. A Knesset – o Parlamento Israelense – estabeleceu o dia anterior a Iom HaAtsmaut (Dia da Independência de Israel) para lembrar e honrar os soldados que perderam suas vidas em defesa de Israel desde muito antes da criação do Estado: assim, são recordados os judeus que morreram desde a primeira vez que foram autorizados a viver na Terra de Israel fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém, a partir de 1860, quando foi estabelecido o primeiro bairro fora da cidade antiga de Jerusalém – passando pela Guerra da Independência (1948-9) e as guerras e lutas posteriores.
É um dia solene, durante o qual todos os locais de entretenimento ficam fechados, as estações de rádio e televisão transmitem programas sobre as guerras de Israel em clima de tristeza e sirenes de dois minutos soam por todo o país: uma vez no início da noite, para marcar o início do feriado com uma cerimônia oficial no Kótel – o Muro Ocidental (ou Muro das Lamentações), quando a bandeira de Israel é colocada à meia altura; e uma vez pela manhã, antes da cerimônia memorial nacional, no cemitério militar no Monte Herzl, em Jerusalém, nos diversos cemitérios militares e em diversas praças públicas em todo o país. Durante o toque das sirenes, todo o país para: até mesmo os carros são estacionados nas laterais das ruas e estradas e seus ocupantes ficam em silêncio ao lado de seus veículos. O dia chega oficialmente ao fim na véspera de Iom HaAtsmaut, quando a bandeira de Israel é plenamente reerguida.
Até abril de 2021, o número de soldados e vítimas do terror era de 23.928 pessoas nas guerras de Israel e nas guerras pré-independência, desde 1860.
Havdalá entre Iom HaZicarón e Iom HaAtsmaut
O serviço de transição entre o luto e a celebração, criado pela comunidade judaica israelense e reformista Beit Tefilá Israeli (BTI), liderada pelo rabino Esteban Gottfried em Tel Aviv, vem se espalhando por Israel e por alguns lugares ao redor do mundo.
De todos os feriados em Israel, Iom HaZicarón e Iom HaAtsmaut estão conectados de forma extraordinariamente comovente. A proximidade dos dois dias, a enorme dicotomia entre o que eles marcam e os diferentes rituais que os acompanham levaram a BTI a criar uma cerimônia que mistura tradição judaica e cultura israelense moderna, utilizando o modelo familiar da Havdalá, cerimônia que tradicionalmente distingue um dia sagrado de um dia comum. Neste caso, a Havdalá distingue a santidade de Iom HaZicarón da santidade de Iom HaAtsmaut. Tradição e modernidade se unem para falar ao coração do povo judeu nos tempos atuais.
Diferente de outros feriados do calendário judaico, marcados e comemorados por milhares de anos, estes feriados são recentes: enquanto Iom HaZicarón e Iom HaAtsmaut foram criados pela Knesset, o parlamento israelense, a Beit Tefilá Israeli assumiu um papel ativo na criação de tradições ao criar esta Havdalá. Esta cerimônia especial de Havdalá vem sendo adotada por dezenas de comunidades em Israel e em todo o mundo.
Segundo o rabino Levy Kelman, que foi fundador e por anos o rabino da Congregação Reformista Kol Haneshamá, de Jerusalém, no que diz respeito à cerimônia realizada na sua sinagoga: “Esta cerimônia de Havdalá é, de fato, invertida. A cerimônia entre Iom HaZicarón e Iom HaAtsmaut nos leva da consciência da morte e do luto à celebração do renascimento e da vida. Por isso, recitamos ‘Aquele que diferencia entre o Santo do Santo, entre a escuridão e a luz, entre a dor e a alegria, entre o dia de luto e o dia festivo, entre o Dia em Memória e o Dia da Independência….’. Recitamos o verso (da Havdalá tradicional) ‘Ozí vezimrát Yá, vaiehi li lishuá – Deus é a minha força e o meu canto, é a minha redenção’ (Êxodo 15:2, Salmos 118:14). A própria música ajudou a fazer a transição para o Dia da Independência – tanto o conteúdo quanto a melodia. Fechamos com um poema escrito pelo poeta Guilad Meíri, com canções pela paz e, é claro, com Hatikva, o Hino Nacional de Israel”.
Iom HaAtsmaut
5 de Iar no calendário judaico. Inicia-se na véspera, mas adiantado neste ano para 3 de Iar para que Iom haZicarón não caia no Shabat.
O Dia da Independência de Israel marca o estabelecimento do moderno Estado de Israel no dia 14 de maio de 1948, em um final de tarde de 6a feira, pouco antes do início do Shabat. Foi quando, em Tel Aviv, juntamente com as demais lideranças do chamado Conselho do Povo, David Ben Gurion – então futuro Primeiro-Ministro de Israel – emitiu a Declaração do Estado de Israel. Esta foi reconhecida pela União Soviética, pelos Estados Unidos, Brasil e pela maioria dos países membros da ONU, mas não pelos estados árabes vizinhos.
Na véspera de Iom HaAtsmaut, celebrantes e lideranças políticas se reúnem no Monte Herzl, em Jerusalém onde há uma cerimônia com discursos e desfile militar, fechada com o acendimento de doze tochas, representando as 12 tribos de Israel. Os israelenses tomam as ruas do país para assistir concertos de música ao ar livre, fazem festas e assistem a fogos de artifício. Os amigos e as famílias se reúnem no dia seguinte, geralmente nos parques e em reservas naturais para fazer churrasco, visitam museus e outras atrações, que permanecem abertos gratuitamente ao público.
Também é costume em Iom HaAtsmaut os adolescentes participarem de campeonatos de Chidon Tanach – com perguntas sobre a Bíblia Judaica. Também nesta data realiza-se o Prêmio Israel, a maior honraria do país – espécie de Prêmio Nobel nacional – em uma cerimônia solene em Jerusalém para aqueles e aquelas que se destacam nos mais variados campos do conhecimento.
Sugestões para celebrar Iom HaAtsmaut
- Promova uma festa ou um jantar especial para celebrar a ocasião. Encontre uma receita israelense que lhe agrada!
- Mude a sua imagem de perfil do Facebook por uma com a bandeira de Israel ou deseje mazal tov e felicidades a Israel nas mídias sociais, para compartilhar o seu amor pelo Estado de Israel.
- Faça atividades manuais de Iom HaAtsmaut com seus filhos e filhas, como a criação de bandeiras, cata-ventos comemorativos ou o que a sua imaginação criar.
- Considere fazer de Iom HaAtsmaut um dia sagrado em sua comunidade. Já há hoje modelos de “Meguilat HaAtsmaut” e “Machzor de Iom HaAtsmaut” para se inspirar. Converse com o seu rabino e com a diretoria da sua comunidade a respeito.
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Rabino Uri Lam
Congregação Beth-El de São Paulo
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