Selichot 5781

Começa Elul, um mês muito particular, já que não há festivais ou datas de lembrança, porém é o mês de maior labor espiritual.

Desde o primeiro dia deste mês, costuma-se ouvir o som do shofar todas as manhãs para nos ajudar a despertar o que vivemos este ano, tomar consciência do trabalho da alma que devemos realizar, e assim, desta forma, comece com nossa Teshuvá (introspecção), o Cheshvon Hanefesh, o equilíbrio da alma.

 

Durante Elul, também se faz Selichot – סליחות –  o plural de Selichá, que significa perdão em hebraico. O perdão (tanto solicitado quanto concedido) faz parte do ritual do início que por sua vez marca o fim do que foi, para começar com o que será, e nesta circularidade – tão circular quanto a lua pela qual nosso calendário é governado – Você sempre tem que começar e terminar sendo capaz de libertar sua alma realizando uma ação.

Diferentes são os costumes dentro do mundo judaico com respeito a Selichot.  Nas comunidades sefarditas, se faz Selichot desde o primeiro dia de Elul, a cada dia com a chegada do amanhecer.

Nas comunidades Ashkenazitas, se faz Selichot no final do Shabat antes de Rosh Hashaná à meia-noite. O sheliach tzibur costuma colocar o talit.

A essência da cerimônia de Selichot consiste na recitação dos treze atributos de misericórdia que estão listados no versículo de Êxodo 34: 6-7 “Adonai Adonai, El Rachum Vechanun…”, “Deus Compassivo e Benevolente…”. Também durante a cerimônia, o Ashamnu, que é a confissão comunal, é pronunciado e termina com o toque do shofar.

Hoje, Selichot marca a preparação antes da chegada dos novos Iamim Noraim. Cada vez que um novo ano começa, chega a hora da mudança. Para os humanos, essa mudança, ao contrário da natureza ou dos animais, requer um ato de vontade. Mudar significa ser capaz de olhar para dentro do nosso ser, ser capaz de pensar sobre os erros que cometemos e nos perguntar se estamos dispostos a reconhecer esse erro. Reconhecer um erro significa recomeçar e isso é algo que custa. Significa ser capaz de pedir perdão.

Na noite de Selichot, iniciamos o caminho para o reconhecimento desse sentido de mudança.

Devemos compreender que o primeiro trabalho que devemos realizar é o de Teshuvá: a introspecção que nos leva a nos reconhecermos como pessoas e a podermos nos arrepender, e como diz a mesma palavra também a poder dar Teshuvá (resposta) para o erro ou a ação executada incorretamente.

O Rambam – Maimonides – nas leis relativas ao arrependimento ensina que a verdadeira Teshuvá consiste em compreender que, quando alguém comete um erro contra seu próximo, esse erro nunca é perdoado até que ele dê ao próximo tudo o que deve e se reconcilie com ele. É inútil começar um novo ano se a teshuvá pessoal não nos levou a reparar o erro cometido com um amigo, familiar ou ente querido.

Em nossos dias, temos o grande desafio de nos conscientizarmos do valor e do significado da palavra perdão. É inútil dizê-la se o trabalho interno não foi feito. Assim como é tão importante ser capaz de pedir perdão, um ótimo trabalho é ser capaz e aprender a perdoar.

Sobre isso, o Rambam nos ensina que não se pode ser cruel a ponto de não aceitar desculpas, pelo contrário, é bom ser fácil para a reconciliação e não se chatear tão facilmente.

Que este 5782 que se inicia, nos permita fazer a nossa radiografia da alma, a obra mais difícil de todas que é, poder olhar para dentro de nós e poder perguntar-nos o que queremos mudar, e quais são as nossas ações com as quais vamos continuar trabalhando.

Você já começou este trabalho interno? Você está disposto a perdoar e pedir perdão?

Shana Tova Umetuka!

Que sejamos inscritos e selados no Livro da Vida Plena.

Rabino Adrian Fada

Comunidade NCI-Emanu El, Escola Comunitária Arlene Fern

Judaica Belgrano – Fundación Judaica

Argentina

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