Tu biShvat, um Rosh Hashaná diferente

Mas que povo é esse que tem no seu calendário quatro comemorações de Ano Novo? Muitos se vêem surpreendidos que existam quatro datas, com significados diferentes para Rosh Hashaná.

Quais são estes dias e o que celebramos?

O primeiro de Nissan é o Ano Novo para o cálculo dos anos de reinado dos reis de Israel. Também esta data é considerada para a contagem das festas de peregrinação. Se alguém fazia uma promessa de levar uma oferenda para o Beit Hamikdash – Grande Templo — deveria cumprir antes que acabem as três festas nas quais o povo subia para Jerusalém.

O primeiro de Elul é o Ano Novo para o dízimo dos animais. Os animais nascidos antes dessa data são considerados como nascidos no ano anterior e por tanto não podem ser separados para cumprir com as obrigações.

O primeiro de Tishrei é o Ano Novo para o julgamento da humanidade – este é o significado mais conhecido e mais celebrado pelo nosso povo-, também para o cálculo da shemitá e do iovêl – ano sabático e jubileu-, para o cálculo da orlá – os primeiros três anos que não pode ser consumida uma árvore frutífera- e para o dízimo de cereais e vegetais.

O dia de Tu biShvat, 15 de Shevat, é considerado o Ano Novo das árvores – em hebraico: Rosh Hashaná lailanot-, em relação ao requerimento de separar o dízimo de seus frutos. Neste artigo vamos explorar e conhecer melhor esta última data.

Como celebramos hoje?

Seguramente se você esteve durante a sua juventude fazendo algum programa de intercâmbio em Israel e morando em um kibutz durante os meses de janeiro ou fevereiro, deve ter comemorado esta data plantando uma árvore. Agora se você esteve numa cidade, seguramente foi convidado para um jantar especial onde abundam as frutas secas, o suco de uva e o vinho.

No hemisfério sul da América Latina, as comunidades costumam junto às prefeituras plantar árvores, às vezes em balneários onde passam as férias de verão os seus membros.

A relação do povo de Israel com a terra de Israel e os seus frutos está claramente plasmada na Torá, no livro de Deuteronômio, capítulo 8, versículo 8, onde lemos: “Terra de trigo e de cevada, de parreira, de figueira e de romeira; terra de oliveira que dá azeite, e de tamareira; terra em que sem escassez comerás pão e não te faltará nela coisa alguma”.

O versículo fala de dois tipos de cereais e de cinco tipos de frutos que crescem na terra de Israel. Se você já esteve em Machané Iehudá, encheu os seus olhos com o colorido e cheiros dos artigos descritos na Torá. Por ser a terra de Israel uma região com diversos climas onde predominam as temperaturas amenas, estes frutos e cereais crescem em abundância.

O seder de Tu biShvat é uma velha tradição cabalística dos sábios de Safed do século 16 e 17, onde se celebra a presença divina na natureza; costuma-se comer uma nova fruta da estação, que além de dar lugar para recitar a brachá borê peri haetz (que abençoa o fruto da árvore) nos permite acrescentar a bênção Shehecheiánu.

A brachá boré perí a gafen, deve ser recitada antes de beber diversos tipos de vinhos, branco, rose, tinto ou suco de uva.

Tente experimentar os diversos tipos de frutas, aquelas que têm casca e se consome a parte interior: melão, nozes, bananas, frutas cítricas. Aquelas em que se consome a parte externa, mas não se consome a parte interna (aquelas que têm caroço): tâmaras, azeitonas, maçãs, pêssegos. E aqueles que são totalmente comestíveis por dentro e fora, como uvas e figos.

Estas frutas representam as diferentes estações do ano ou as maneiras de estar no mundo conforme a visão cabalística.

A festividade pode ser considerada menor, mas entendo que a sua riqueza é grande, pelo fato de congregar as pessoas para agradecer e louvar a Deus pelos frutos da sua criação.

Rabino Guershon Kwasniewski
SIBRA

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