Theo tem razão! Os oceanos são os verdadeiros pulmões do mundo e as algas, as responsáveis pela maior parte do oxigênio que respiramos e junto com rios, lagos e lagoas, somam mais de 75% da essência planetária.
15 de Shevat (vai do pôr do sol do dia 16 de janeiro até o pôr do sol do dia 17 de janeiro) é o início do ano das árvores. E todo ano me sinto chamada para celebrar a data honrando as florestas de todos os biomas do mundo e em especial, as algas marinhas que são as maiores das florestas em movimento do planeta que deveria se chamar Água ao invés de Terra, como bem concluiu o menino Theo, de apenas cinco anos.Tu BiShvat é mais uma oportunidade de mergulharmos profundamente em nós em busca de respostas para as perguntas: O que estamos deixando como legado para reparar o mundo? Que seres humanos queremos deixar como exemplo de espécie em evolução para as próximas gerações?
Hermann Hesse, escritor alemão naturalizado suíço em 1923, ganhador do prêmio Nobel de Literatura e do Prémio Goethe em 1946, bem nos escombros da segunda guerra e do holocausto que jamais esqueceremos, resumiu a nossa responsabilidade individual em prol da perpetuidade coletiva. Poderia ter escolhido uma de tantas personalidades judaicas do nosso rico mundo literário, só que o Herman deixou florescer nas suas bem traçadas linhas, a beleza e resiliência que nos salvam dos nossos invernos mais solitários. “Para mim, as árvores sempre foram os pregadores mais penetrantes. Eu as reverencio quando elas vivem em tribos e famílias, nas florestas e bosques. E eu as reverencio ainda mais quando elas estão sozinhas. Em seus galhos mais altos, o mundo sussurra. Suas raízes descansam no infinito. Mas elas não se perdem lá. Elas lutam com toda a força de suas vidas para uma única coisa: a realizar-se de acordo com suas próprias leis, para construir a sua própria forma, para representar a si mesmo. Nada é mais sagrado, nada é mais exemplar do que uma árvore, bela e forte”.
Ao ler este trecho do Hess, me lembrei da Clarisse Niskier interpretando a peça Alma Imoral, baseada no livro do Rabino Nilton Bonder. “Aquele que não faz uso de todo seu potencial na vida, de alguma maneira diminui o potencial de todos os humanos”. A árvore traduz muito bem a nossa capacidade de nos surpreender com as sementes que ainda iremos germinar e frutificar.
No Talmud, há o dizer que “quando se salva uma vida, se salva toda a humanidade. Em tempo de Tu BiShvat aproveito para dar continuidade a esta icônica sentença. Quando se salva uma árvore se salva todas as florestas da terra e dos mares.
—
Jacqueline Moreno é jornalista, tradutora intérprete simultânea e comunicadora voluntária da União do Judaísmo Reformista (UJR). Abraça árvores todos os dias da sua vida.