Elas convivem como uma unidade indivisível. Tanto é assim que, com o estabelecimento do moderno Estado de Israel, se somaram às memórias acontecimentos alegres e dolorosos que já existiam no período antigo e medieval durante essas sete semanas. O luach (calendário judaico) incorporou ao seu ciclo anual Iom haShoá, Iom haAtzmaut e Iom haZikaron.

O fato de que esses três novos eventos significativos do calendário judaico tenham surgido desde o novo Estado de Israel, e não desde a Diáspora, nos levam inevitavelmente à pergunta: como nós, que não vivemos em Israel, deveríamos comemorar essas datas? Iom haShoá pode ser interpretado de maneira equivocada como a condição da Diáspora de que cedo ou tarde o ódio aos judeus eclodirá e, por isso, mesmo, Israel é a única esperança.

No entanto, devemos sempre nos lembrar que jamais foi totalmente assim. A própria Torá foi revelada no deserto, fora de Israel, e o Talmud mais importante foi editado na Babilônia. Iom haShoá deve ser comemorado sem a conotação de um lugar, mas como Sefirat haOmer e os novos chaguim, como um momento de reavaliar a nossa relação com Deus. Mas Iom haAtzmaut e Iom haZikaron fazem a pergunta ainda mais intrigante, lembrando-nos que sempre haverá duas Torot: a do Sinai e a de Jerusalém. Se a Torá do Sinai nos ensinou como sobreviver como minoria em meio a outros povos, a Torá de Jerusalém deve nos ensinar como prosperar como maioria que tem poder sobre uma minoria.

Afinal, precisamos respirar todos os dias com as duas verdades expressadas no Tanach. Por um lado, “Se me esquecer de ti, oh Jerusalém, que a minha mão direita perca sua destreza e minha língua se cole ao palato” [Salmo 137:5-6] e, por outro, “Filho meu, não te esqueças da Minha Torá, guarda meus mandamentos em teu coração; lembra-te da Torá de Moshé meu servo, que prescrevi em Horeb (Sinai) para todo Israel, com seus estatutos e preceitos” [Provérbios 3:1 e Malaquias 3:22].