Simchat Torá 5784 | 2023 – Rabino Guershon Kwasniewski (PT)

Simchat Torá

שמחת תורה

7 a 8 de outubro de 2023

23 de Tishrei 5784

Rabino Guershon Kwasniewski

Qual é o peso da Torá?

 

Na hora de olhar o calendário judaico, consigo enxergar duas festividades que desestruturam o local solene que é a sinagoga. Por um lado Purim, uma data na qual chegamos fantasiados aos nossos templos e fazemos um barulho ensurdecedor quando escutamos a palavra Haman, na hora da leitura da Meguilá. Por outro lado, os movimentos comedidos na hora de rezar, durante as Hakafot de Simchat Torá dão lugar a danças e coreografias com o nosso livro mais sagrado.

 

O informal vive com o formal, como na vida mesma.

 

Uma festividade popular, alegre e agitada contrasta com o período densamente  espiritual, introspectivo e profundo.

 

O peso da Torá, que durante os Iamim Noraim era fatigante, de uma hora para outra se torna tão leve, que até as crianças são convidadas a carregar e a dançar com a mesma.

Sinceramente acho que o que está leve é a nossa alma depois de ter sido examinada pelo Criador.

 

O Talmud chama a Sucot apenas pela palavra Chag (Festa). Nada melhor que encerrar o maior período festivo sentindo-nos tão próximos da Torá, com Simchá (alegria).

 

Se tivéssemos que fazer um histórico da nossa relação com a Torá, o que incluiríamos em nossas lembranças? 

 

Eu começaria pela minha infância, quando era levado pelos meus pais na sinagoga e ganhava uma pequena bandeira do Keren Kayemet, que vinha na ponta com uma maçã e uma vela encaixada. Continuando com lembranças da infância, até o dia de hoje existe na SIBRA -comunidade fundada por judeus alemães- um costume trazido pelos imigrantes, que consiste em formar uma grande roda de adultos, na hora que na parte interna ficam apenas as crianças dançando com as Torot e com uma pequena sacola, que  é enchida de guloseimas para a alegria dos pequenos.

 Outra bela lembrança em relação à Torá, é aquilo que vivenciamos nos últimos Connections – eventos organizados pela WUPJ na cidade de Jerusalém, onde as comunidades maiores doam uma Torá para as sinagogas menores ou as recém criadas. Esse traspaso gera muita emoção, já que por trás dessa nova Torá irá começar a vida comunitária de uma instituição ligada ao nosso movimento Progressista. 

 

Pensar na Torá é perceber ela como um símbolo pelo qual somos reconhecidos e respeitados. É o nosso texto mais sagrado que transcende ao judaísmo, foi incorporado e é estudado por outras religiões também. Quando a Torá não foi respeitada e os seus pergaminhos foram queimados, os judeus acabaram correndo a mesma sorte que os seus livros. 

 

Seguramente devemos também lembrar os inúmeros parshanim (exegetas) que a interpretaram. Todos acabaram dando uma grande contribuição para que possamos aprofundar os nossos conhecimentos. Sua metodologia de estudo via Pardes, gerou diversos caminhos para a sua análise e compreensão. A palavra Pardes significa literalmente “pomar”. A sua vez é um acróstico das palavras “Pshat, Remez, Drash e Sod” (literal, sugestivo, filosófico e oculto). Este é o rico e profundo caminho que abordamos os rabinos para encontrar as melhores interpretações. 

 

Seja a sua leitura pelo seu ciclo anual ou pelo seu ciclo trienal, as parashiot encontraram seu lugar de destaque nas cerimônias de Bar e Bat Mitzvá em nossas instalações. O nome da porção semanal ficará gravada para sempre na memória de quem fez a cerimônia, assim como os teamim- pontuação musical- essa melodia nos acompanhará pelo resto das nossas vidas. É um livro tão sagrado que quando está o seu pergaminho em mal estado e não pode ser recuperado, acaba sendo enterrado. Por todas estas considerações percebemos o lugar de destaque que ocupa a Torá em nossas vidas, por isso na hora que lhe dedicamos um dia, devemos comemorar muito.

 

Chag Sameach!

 

Rabino Guershon Kwasniewski

SIBRA e representante do Board da WUPJ para Latino América

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