Sucot 5783 | 2022 – Rabino Clifford Kulwin

09 a 16 de outubro de 2022

15 a 21 Tishrei 5783

SUCOT – Rabino Clifford Kulwin

 

Sim, Sucot é um feriado judaico…, mas o profeta Zacarias oferece uma perspectiva adicional.

 

Zacarias viveu e profetizou na época da destruição do primeiro Templo. Seu livro é pastoral: ele quer confortar os judeus abalados pela destruição, exortando-os a não perder a esperança, prometendo-lhes um dia futuro em que eles e Deus se reunirão em Jerusalém.

 

Nada incomum aqui; os profetas muitas vezes exortam o povo a ter confiança na providência de Deus. Mas as palavras finais de Zacarias nos levam a uma direção incomum.

 

Ele prediz um dia em que Israel triunfará sobre seus inimigos, um dia anunciado nas famosas palavras que vêm após a oração de Aleinu: “…naquele dia o Senhor será um e Seu Nome será um”.

 

Ele prossegue afirmando que muitos (mas não todos) povos reconhecerão a soberania de Deus e concederão a Ele o respeito que Ele merece. Zacarias enumera as consequências que os outros povos sofrerão, culminando nesta inesperada declaração: “Todos os que sobreviverem das nações que se levantaram contra Jerusalém farão uma peregrinação ano após ano para se curvar ao Rei, Senhor dos Exércitos, e celebrar a Festa das Cabanas”

 

Zacarias menciona particularmente o Egito ao dizer: “Tal será o castigo do Egito e de todas as outras nações que não vierem para observar a Festa das Cabanas”.

 

O livro termina sem mais nada sobre o assunto, deixando-nos perguntar: por que Sucot? Por que esse foi o feriado que reuniria os povos?

 

Rashi cita uma passagem talmúdica Avodá Zará que sugere que os não-judeus que desejam mostrar respeito a Deus o fazem pela construção de uma sucá, que o Talmud considera uma mitsvá relativamente fácil e barata.

 

Rashi entende que “observar a Festa das Cabanas” significa que é preciso construir uma sucá. Na realidade, embora a construção de uma sucá seja admirável, o mandamento chave e relevante é “leshev bassucá”, “morar” ou pelo menos “sentar-se” em uma sucá, independentemente de quem a construiu.

 

E se considerarmos essa massa de pessoas se reunindo para “leshev bassucá”, uma imagem nova e impressionante vem à mente.

 

Zacarias imaginou um futuro em que todas as pessoas se reuniriam “para observar Sucot”, o que significa que, de alguma forma, todos se encaixariam dentro das paredes e sob o teto de uma Sucá.

 

Teria que ser uma sucá muito grande -! – mesmo assim, isso nunca poderia realmente acontecer a menos que as pessoas pudessem se unir de alguma forma muito, muito próximas, sem espaço entre elas; que eles pudessem ficar tão próximos quanto fosse fisicamente possível. Só assim a profecia de Zacarias poderia se cumprir.

 

E superar o desafio físico da limitação de espaço só seria possível se os presentes pudessem deixar de lado o que os separava – sejam as queixas em larga escala e até a inimizade de um povo contra outro ou as queixas mesquinhas de um indivíduo contra outro – e deixar a distância emocional cada vez menor se reflete em uma distância física cada vez menor.

 

Em Sucot, Zacarias imaginou uma oportunidade extraordinária para as pessoas se unirem. Ele não estava interessado apenas em que os antigos povos em guerra aceitassem a Deus como governante; ele queria que eles e os israelitas, na verdade, todas as pessoas, estivessem em tal estado de paz e aceitação mútua que pudessem estar tão próximos fisicamente quanto um Sucá exigiria.

 

Como imagem, tendemos a considerar a fragilidade da sucá como abrigo em oposição à absoluta firmeza da proteção eterna de Deus. Mas Zacarias dota-o de uma imagem diferente e atraente. Quando vemos uma sucá, devemos nos maravilhar com o potencial de com quem podemos estar dentro dele, quanto mais, melhor, e o que podemos fazer para tornar todos os que estão lá dentro tão confortáveis, à vontade e em paz uns com os outros.

 

Sucot nos lembra das oportunidades que um Deus atencioso criou para nós no mundo; que também nos inspire a fazer paz e harmonia com todos com quem compartilhamos o mundo, por mais diferentes que sejam de nós.

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