Tu BiSvhat 5784 | 2024 – Rabino Shlomo Zagman (PT)

Tu BiShvat 

ט״ו בשבט

24 a 25 de Janeiro de 2024

15 de Shvat de 5784

Rosh HaShaná La’Ilanót – O Ano Novo das árvores

Por Rabino Shlomo Zagman

O festival de Tu BiShvat é um ótimo exemplo exibindo a tradição Judaica como uma fé, religião e nação que se envolvem com o tempo, se ajustando por milhares de anos para sempre serem relevantes à nossa vida atual. 

Tal como Chanucá e Purim, Tu BiShvat é uma festividade judaica que não está mencionada na Torá. A primeira vez onde ela aparece na nossa literatura religiosa fica bem no começo da Mishná de Rosh HaShaná (cerca dos Séculos 1-3 EC), que traz uma lista de várias datas, que cada uma delas é um Ano Novo diferente. Por exemplo, a Mishná menciona que o primeiro dia de Nissan (o mês de Pessach), é o Ano Novo dos reis e do ciclo de festividades da Torá. Enquanto isso, o primeiro dia de Tishrei (o mês de Rosh HaShaná, Iom Kipur e Sucót) é o Ano Novo da contagem dos anos, das Shemitót (ciclos de sete anos) e dos Jubileus (ciclos de cinquenta anos).

O primeiro manifesto de Tu BiShvat foi marcado por valor do ano fiscal, como o dia do ano no qual se faziam as contas das doações e dos dízimos que o povo era obrigado a dar para sustentar os pobres e os sacerdotes e os levitas que serviam no Templo. Apesar de não ter nenhum conteúdo de comemoração, Tu BiShvat na sua primeira versão tinha um valor social de incluir todos os níveis do povo judeu – inclusive os que não tinham seu próprio terreno – a contribuir para o centro espiritual de Israel em Jerusalém.

As Mitsvot (mandamentos) relacionadas com Tu BiShvat pertencem ao grupo de Mitsvot que são dependentes da Terra de Israel. Mas, apesar de ser o festival das árvores, tem pouquíssimas raízes na lei religiosa (Halachá).

Quando temos Mitsvot ou festividades bem magras, no sentido que nos faltam instruções e práticas na lei religiosa, o que acontece na nossa tradição é que se desenvolve uma riqueza de costumes (Minhaguim), baseados na interpretação do significado da Mitsvá.

Após a destruição do Templo em Jerusalém (70 EC) e a expulsão da maioria do povo para a diáspora, quando Tu Bishvat perdeu o significado ligado ao Templo, a festa se transformou em um dia marcado pela conexão do povo de Israel com sua Terra. Vivendo longe, Tu BiShvat começou a ser comemorado através do consumo das frutas da Terra de Israel, tal como uva, figo e tâmara, que fazem parte das sete espécies com as quais Israel foi abençoada. Como no mundo antigo não era possível importar frutas frescas, o consumo era de frutas secas. Esse costume continua até nossos dias. Também em Israel se comemora Tu BiShvat consumindo frutas secas, passas e amêndoas.

No século 17, os sábios de Tzfat (Safed) tomaram inspiração do Seder de Pessach e formaram o Seder de Tu BiShvat. Esse costume se espalhou no mundo judaico e muitas comunidades fizeram sua própria Hagadá para Tu BiShvat, contendo textos, poemas e canções celebrando o amor pela Terra de Israel. 

No século 19, com a fundação do movimento sionista e o começo das primeiras Aliot (imigrações) pra Israel, a festa de Tu BiShvat passou por mais uma fase de desenvolvimento e começou a ser celebrada através de plantação de árvores. A importância da conquista, da salvação das terras em Israel e o valor sionista do trabalho agrícola formou o costume que continua até hoje de levar grupos desde a idade de jardim de infância, pra plantar novas árvores. 

Nos últimos anos, com o crescimento da consciência ambiental, Tu BiShvat adquiriu também conteúdo educacional para salvar o planeta e tomar conta dos nossos ecossistemas.

A Mishná Avot 3:17 diz em nome do Rabi Elazar ben Azaria: Aquele cuja sabedoria é maior que suas ações, é como uma árvore que tem muitos galhos e poucas raízes, então vem o vento, a arranca e a derruba no chão. Mas aquele que seus atos são superiores à sua sabedoria, é como uma árvore que tem poucos galhos mas muitas raízes, que nenhum vento pode prejudicá-la. 

Tu BiShvat é o tempo de comemorar também as lindas, profundas e ricas raízes da nossa tradição e lembrar que devemos sempre encaminhar nossa sabedoria para atuar no mundo e melhorá-lo. 

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